Eric Thomas

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Bolha, Iceberg e Anzol: os bastidores da Hospitalidade Estratégica

O cliente entra no restaurante envolto em uma bolha invisível. Essa bolha é o seu mundo e não deve ser perturbado. De vez em quando, ele abre uma fresta por alguns segundos, e é nesse instante que o profissional de hospitalidade precisa estar pronto. Não é o funcionário quem escolhe quando começar a relação; é o cliente quem dá o sinal.

Imagine a cena: você está prestes a pedir sua parceira em casamento e o garçom surge para oferecer o prato especial do dia.
#Hospitalidade é antecipar necessidades sem interromper a experiência. Se o sorvete da criança caiu, o funcionário providencia outro. Se o cliente vai tirar uma foto, oferece-se para incluir todos no clique. Esses gestos não nascem apenas de treinamento, mas de uma cultura de cuidado. O cliente percebe quando a ação vem de um manual e quando nasce da espontaneidade genuína de alguém que realmente se importa.

Gosto de brincar com a ideia de que, em um hotel ou restaurante, deveria haver apenas um botão: “Sim — qual era a pergunta mesmo?”.
Se o vinho e o café carregam terroir, por que não o serviço? O estilo de atendimento deve ser coerente com o espírito do lugar. Não adianta impor formalidade em um ambiente casual. Se o restaurante tem tomates frescos no jardim, por que não usá-los em uma salada e mencionar isso ao cliente, criando conexão imediata?

Preço só é questionado quando o valor não é entregue. Pesquisas mostram que 90% das pessoas não têm problema em pagar mais quando percebem valor real. Por isso, hospitalidade também é venda inteligente. E aqui está outro princípio: todos são vendedores.

Prefiro quando a hostess menciona a nova sobremesa espetacular enquanto me leva até a mesa, quando o cumim elogia o molho ao entregar o prato ou até quando o manobrista comenta sobre o novo coquetel da casa fazendo sucesso. Vender com hospitalidade é natural, faz parte da experiência.

O restaurante é como um iceberg. A parte visível é o prato servido, mas a massa submersa sustenta tudo: processos invisíveis, microgestos de encantamento e oportunidades de valor. É nesse espaço que mora a diferença entre sobreviver e prosperar. O gesto de oferecer uma sobremesa de cortesia porque o filho comeu todo o brócolis, o convite para experimentar um novo drink autoral, a oferta de um licor após o café enquanto o cliente espera o Uber. Pequenos detalhes que multiplicam valor.

Todo restaurante precisa ter o seu anzol, algo que justifique a visita. Pode ser um forno a lenha, um molho especial ou até uma foto bonita no Instagram. Mas o mais importante é entender por que o cliente está ali. Quando o serviço ganha propósito, a experiência se transforma em memória.

Essas ideias — a bolha do cliente, a antecipação, o terroir do serviço, o valor percebido, a metáfora do iceberg e o anzol — formam um mapa prático de hospitalidade estratégica. São microgestos que, somados, diferenciam restaurantes que apenas sobrevivem daqueles que prosperam.

Eric Thomas

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